quarta-feira, 2 de maio de 2012

Adulto com TDAH?

Quando se fala em Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) logo se relaciona o problema com crianças. Mas os adultos também podem sofrer do transtorno que, geralmente, é um seguimento do que vivenciou na infância. Entretanto, quando na fase adulta, a pessoa que sofre com a questão pode até mesmo ser discriminada. No trabalho e na aula, por exemplo, a dificuldade em se concentrar pode ser motivo de afastamento dos colegas e do ser taxado como mau aluno ou mau profissional. Saber identificar o problema pode ser a chave para procurar um tratamento e evitar reflexos no trabalho e nos estudos. Por isso, o Medicina & Saúde conversou com o psicólogo Vinícius Thomé Ferreira. Medicina & Saúde - Como identificar a pessoa com este transtorno?
Vinícius Thomé Ferreira - O transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) é um quadro composto por dois elementos: um deles é o déficit, a falta de atenção para as atividades rotineiras, as quais uma criança, adolescente ou adulto teriam uma atenção normal. O outro é a hiperatividade, ou seja, o comportamento motor acelerado. A pessoa "não para", tem um comportamento bastante agitado e parece ter uma energia inesgotável. Entretanto, esta energia não está sendo bem canalizada. Se a pessoa conseguisse transformá-la em algo útil no trabalho, relações sociais ou familiares seria melhor, mas o transtorno existe justamente porque há uma agitação sem produtividade de nenhum tipo. M&S – Nesses casos, o que predomina: o déficit ou a hiperatividade? VTF - Existem pessoas que podem ter o transtorno apresentando o déficit de atenção como sintoma predominante, outras a hiperatividade e outras ainda que apresentam tanto a desatenção quanto a hiperatividade. No caso de adultos com hiperatividade predominante, mostram-se agitadas, começando mil coisas sem terminá-las, sempre buscando algo novo sem terminar o que iniciou. No caso de desatenção predominante, há uma queixa de não estar com a cabeça no trabalho, tem dificuldades para manter o foco em uma atividade, e pode se queixar também de falta de energia. Qualquer ruído, gesto ou movimento tira a atenção da pessoa para o que estava fazendo, não foca em detalhes da tarefa, não presta atenção quando a chamam para algo e pode mesmo evitar tarefas que exijam esforço mental. O tipo misto, finalmente, combina sintomas destes dois tipos, desatenção e hiperatividade. M&S - Um adulto com TDAH necessariamente passou pelo mesmo problema na infância? VTF - A TDAH em adultos é geralmente uma continuidade dos sintomas apresentados na infância e na adolescência. Assim, o adulto que apresenta sintomas é porque geralmente já os tinha no passado. Isso não quer dizer que fatalmente quem teve TDAH na infância ou adolescência terá na idade adulta, pois este quadro tende a ser atenuado com o tempo, com os sintomas reduzindo ou desaparecendo até a idade adulta em boa parte das situações. M&S - Normalmente o convívio em grupo é difícil? VTF - Os sintomas da TDAH não favorecem muito o convívio em grupo. Talvez em festas uma pessoa com hiperatividade possa até ser popular e requisitada, mas no cotidiano, ter um comportamento hiperativo não é interessante, como não é interessante ter nenhum comportamento fora do controle da pessoa. No caso da desatenção, os prejuízos nas relações de trabalho podem ser os piores, sendo a pessoa tachada como distraída, esquecida, etc. M&S - Existem tratamentos eficazes para combater este comportamento? O uso de medicamentos é indicado? VTF- Pode ser necessário o uso de medicamentos, para reduzir o comportamento hiperativo e para aumentar a atenção. Mas como já pontuamos várias vezes, somente o tratamento medicamentoso não é suficiente, é necessário um acompanhamento com psicólogo para que a própria pessoa e sua família possam identificar e alterar o comportamento. Quando falamos em transtornos mentais, o tratamento exclusivo com medicação é incompleto, sendo a psicoterapia fundamental para o combate eficaz dos sintomas. Para isso precisa uma boa orientação do médico no encaminhamento e que o paciente e sua família compreendam o importante papel da psicoterapia no quadro. M&S - De que maneira os familiares podem auxiliar a pessoa com transtorno? VTF - Sendo muito bem orientadas e compreendendo que os comportamentos que o paciente têm não são de "revolta", "preguiça", "má-vontade" ou "burrice". Os sintomas do paciente são situações que podem ser tratadas, e a família possui um papel central ao compreender que o paciente não está bem, e que precisa de atenção profissional. Um erro muito comum das pessoas, e dos familiares, está em achar que um transtorno mental é um problema de caráter, preguiça ou má-vontade. Não é. Somente quando a família tem a adequada compreensão para compreender o que o seu membro possui, tem condições de auxiliá-lo de verdade. Com o TDAH é a mesma coisa: é necessário informação e boa vontade da família para seguir as orientações do profissional. Colaborou Vinícius Thomé Ferreira, psicólogo Fonte:http://www.onacional.com.br/noticias/SecaoEspeciais_10/27074

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